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Política

Seminário debate relações da Ales com a sociedade no Império e na República

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As relações da Assembleia Legislativa (Ales) com a sociedade capixaba, desde o Império até a República, foram discutidas no “I Seminário da História dos 190 anos da Ales”, realizado na noite de quarta-feira (8). O debate reuniu professores e pesquisadores da Ufes e do Ifes, como parte das atividades do Comitê Técnico dos 190 anos da Ales.

Os temas abordados foram a epidemia de cólera, que aconteceu no período de 1855-1856 no estado e no país; a estrada de ferro ligando Vitória a Cachoeiro; o movimento republicano ocorrido durante a Monarquia sob a ótica do Colégio Atheneu Provincial.

A abertura dos trabalhos coube à pesquisadora do Laboratório História, Poder e Linguagens da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), professora Adriana Pereira Campos, que integra o comitê. A mediação foi conduzida pela professora de História da Ufes Kátia Sausen da Motta. Ao final do evento, o secretário de Relações Institucionais da Ales e coordenador-geral do comitê, Giuliano Nader, elogiou as exposições e destacou a importância das comemorações dos 190 anos da Ales, e o papel do Poder Legislativo na gestão do Estado capixaba.

Cólera

O professor Sebastião Pimentel Franco, especialista na pesquisa das doenças do ponto vista histórico, relatou a passagem devastadora da cólera, que é transmitida por uma bactéria conhecida como vibrião, presente na água e alimentos contaminados.

A doença chegou ao país pelo porto de Belém (PA), trazida por uma embarcação portuguesa chamada “O Defensor”. Logo se espalhou pelo país. No Espírito Santo a epidemia aconteceu de novembro de 1855 a julho de 1856. A doença pode ter sido introduzida pelo Porto de Santa Cruz ou por meio de um funcionário dos Correios vindo de Campos (RJ). Essa foi a segunda onda da doença das cinco ocorridas no século 19 no mundo.

Não se sabia por que se contraía a doença e tampouco seu tratamento. “O fato é que a doença chegou e ela nos pegou desprevenidos. À época, Vitória tinha um único hospital e dois médicos. Foi preciso improvisar”, pontuou o professor Sebastião Franco.

“A estrutura médica e sanitária da província era bastante precária. Tínhamos poucos médicos e um único hospital. O saneamento básico inexistia e havia sujeira nas ruas, o que facilitava a disseminação da doença entre a população”, descreveu o professor.

De acordo com Sebastião Pimentel Franco, as pesquisas constataram que a doença matava em dois dias e não havia sequer tempo de se sepultar os mortos, que acabavam expostos nas vias públicas.

Segundo ele, os deputados autorizaram a liberação de vacinas e medicamentos, entre outros recursos, e a partir daí a Província do Espírito Santo solicitou os materiais ao governo federal.

Entrando nos trilhos

Já o professor Leandro do Carmo Quintão, do Ifes de Cariacica, expôs o fascínio pelo transporte ferroviário alimentado pelas elites capixabas a partir do surgimento das estradas de ferro no mundo capitalista ocidental no século 19. O debate sobre a necessidade de se construir vias férreas no estado iniciou-se em 1870 e o tema foi pauta na Ales.

“O Estado fomenta a economia por meio das estradas de ferro. Ela tem um papel simbólico importante e de integração territorial e de consolidação de unificação política, como aconteceu na Itália, na Alemanha, na França, no mercado britânico, até que chega ao continente americano”, descreveu Quintão.

No Brasil, segundo o professor do Ifes, o debate sobre as ferrovias já vinha desde 1830, mas enfrentou barreiras para a sua concretização: o período conturbado da Regência, com guerras, revoltas regionais e os interesses em manter o tráfico de escravizados.

Somente durante a Guerra do Paraguai é que o Império vê a importância da estrada de ferro. Algumas províncias como São Paulo, Rio, Minas, Nordeste e Sul implantaram suas ferrovias. Mas no Espírito Santo, a construção não aconteceu e o pesquisador buscou compreender a questão, analisando o comportamento dos deputados.

“Os debates na Assembleia Legislativa ajudam a compreender esse imaginário social dos deputados provinciais, essa rede comum de significações. Na década de 1870 foi o período em que encontrei as maiores expectativas. Havia a crença de que era só fazer um bom projeto que as companhias iriam aparecer no Espírito Santo e levar a província para o progresso, que era a interligação com Minas, a internacionalização do Porto de Vitória, a ligação com o sul capixaba, região de grande produção”, registrou Quintão.

Como os projetos não se concretizaram, disse o professor, houve uma mescla de euforia e desânimo na elite capixaba. A exceção foi a estrada de ferro, construída em 1887 para ligar Cachoeiro a Alegre e Castelo, totalizando de 71 quilômetros.

Os republicanos do Atheneu

O movimento republicano no Espírito Santo passou pelo Colégio Atheneu Provincial, escola da elite política e intelectual capixaba. Fundado em 1873, a instituição substituiu o antigo Liceu. No local depois funcionou o Colégio D. Pedro II, hoje Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria Ortiz, no centro de Vitória. O tema foi abordado pela professora e pesquisadora da Ufes Meryhelen Alves da Cruz Quiuqui. O contexto político do período era de decadência do Império e crescimento do movimento abolicionista e republicano, com a participação da Maçonaria.

A professora relatou que a escola e seus alunos eram fortemente influenciados pelos deputados da Assembleia. Eram eles que autorizavam a contratação de professores e definiam a criação de escolas. A Assembleia influenciava na definição de currículos e nas orientações dos professores.

“A criação da instituição foi resultado de discussão legislativa sobre a necessidade de se formar uma juventude instruída, capaz de ocupar os quadros administrativos, adentrar na faculdade do Império e representar a província no cenário político cada vez mais complexo”, pontuou Quiuqui.

Há registro de uma passeata realizada pelos estudantes na defesa das ideias republicanas, conforme contou a professora. Os alunos saíram da escola, no centro de Vitória, e foram até o porto. Integrantes da elite capixaba da última metade do século estudaram no Atheneu, como Muniz Freire, José Marcelino, Afonso Cláudio e João Monteiro Peixoto, entre tantos outros.

Outros dois seminários sobre a história da Ales estão marcados para 12 de novembro e 10 de novembro. Confira a programação do ciclo de debates.

Fonte: POLÍTICA ES

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