Petrocity: Urussuquara vê no porto, sua salvação econômica

Lama da Samarco no leito do rio Ipiranga afastou turistas e a comunidade sonha com a instalação do Centro Portuário no balneário.

SÃO MATEUS (ES) – Líderes comunitários de Urussuquara manifestaram ansiedade pelo início das obras do Centro Portuário da Petrocity em reunião realizada na última segunda-feira (11) com o diretor de Sustentabilidade da empresa, Lucas Coser, e a secretária municipal de Meio Ambiente, Christiani Rampinelli Rosa Zuliani.

O encontro visou esclarecer algum ruído de comunicação provocado por informações desencontradas e divulgar os canais da Ouvidoria da Petrocity para relação direta com a comunidade, segundo Lucas Coser. “Nossa preocupação é que, diante de alguma dúvida, a comunidade fale diretamente conosco e evite buscar informações que podem mais desorientar que orientar”, disse o diretor.

Nos próximos dias, a área de marketing da Petrocity vai distribuir cartazes, panfletos e formulários em pontos comerciais e de acesso do público divulgando os canais. Os contatos tanto podem ser feito pelo email [email protected] quanto pelo telefone 0800-008-6331.

TURISMO

Uma das principais preocupações manifestadas pela comunidade, segundo Lucas, é em relação á recuperação econômica da região, fortemente afetada pela lama de rejeitos despejada no rio Doce pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, e que hoje está presente no leito do rio Ipiranga.

“Os comerciantes locais nos relataram que, quando a maré baixa, o leito do rio Ipiranga fica exposto e a lama é fétida. Isso, segundo eles, afastou muito os turistas. Alguns comerciantes nos disseram que contratavam mais de dez empregados no verão, mas que nesta temporada muitos deles trabalharam somente o casal no atendimento a quem ainda se aventurou a ir ao balneário”, disse Lucas.

Segundo o diretor de sustentabilidade, um dos principais objetivos de sua visita e da maior aproximação com a comunidade é no sentido de acalmar as pessoas, que estão muito ansiosas pelo início dos trabalhos não apenas de construção, mas de operação do porto. “Para eles, o porto será a salvação de Urussuquara, até porque nosso projeto é totalmente sustentável e vai gerar muita renda na região”, disse Lucas.

A reunião foi também comentada pelo presidente da Petrocity Portos, José Roberto Barbosa da Silva: “Nunca houve um momento dessa dimensão sobre um projeto de infraestrutura de transporte no País. O porto passou a ser mais do que um projeto empresarial, para ser um projeto social pelo impacto positivo que trará para a comunidade”.

CONCEIÇÃO DA BARRA

No município vizinho de Conceição da Barra, a expectativa também é grande, conforme manifestou o procurador do município, Vítor Vicente Guanandi, que representou o prefeito no último dia 17 de janeiro, no Palácio Anchieta, quando houve a assinatura do memorando de entendimento entre a Petrocity e o Governo do Estado, bem como os contratos com os parceiros do projeto. 

“O que me chamou a atenção foi o impacto que esse porto vai gerar, não somente para São Mateus ou Conceição da Barra, mas sim, para toda a região norte do estado. E esse impacto será sentido por causa do volume de empresas que estarão interessadas em se instalarem nos municípios vizinhos, incluindo, claro, Conceição da Barra, pela maior proximidade com São Mateus”, disse.

Guanandi acrescentou que “são empresas que estão fora da nossa região, mas que precisam usar o porto para exportação de suas cargas. Por isso, já devem buscar parcerias para virem para cá e se instalarem já nos próximos dois anos, afirmou”.

Outra novidade apontada pelo Procurador do município é a possibilidade da instalação de outros empreendimentos, como uma fábrica de lâmpadas de Led, que terá como contrapartida a alteração de toda a iluminação pública do município. “A cidade tem um projeto de iluminação inteligente, com automação dos serviços. Mas essa empresa não quer o público só daqui, mas sim, quer expandir para outros municípios”, enfatizou.

Uma das ferramentas chaves e que, segundo o procurador, vai favorecer a instalação de empresas de grande porte em Conceição da Barra é a Lei de Incentivos Fiscais, sancionada em dezembro do ano passado.

“Historicamente, Conceição da Barra não tinha um planejamento voltado para grandes indústrias. Mas hoje estamos numa situação diferente, porque conseguimos um êxito muito grande, com a aprovação da lei de incentivos fiscais, que estabelece diversas condições, tanto para instalação de novos empreendimentos, quanto para ampliação de empreendimentos já existentes no município”, comemorou Guanandi.

Com a lei de incentivo fiscal, de acordo com o procurador, as empresas podem conquistar a isenção de impostos, doação de áreas e capacitação de mão de obra. Para isso, o Poder Executivo está analisando diversas áreas particulares ou da União, às margens da BR, mas que não estão sendo utilizadas.

Uma dessas áreas pertence à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, na entrada para o município. “Nós queremos essas áreas para instalação de indústrias e já vamos conversar com os proprietários ou responsáveis, na busca de uma parceria e um acordo”, disse.

Guanandi fez questão de enfatizar que esses benefícios não serão aplicados em empreendimentos aventureiros. “Queremos empresas com perfil inovador, com solidez. Isso, para demonstrar que Conceição da Barra vai sim, viver um novo momento, tanto na geração de emprego e renda, quanto na visibilidade do município para os demais setores públicos, como uma cidade que não está apenas voltada para o turismo, mas que também é uma cidade com potencial de desenvolvimento forte, na geração de emprego. Essa é a nossa expectativa, que vai além do plano de sonho. É real”, afirmou.