Depois do acidente que levou à morte de Ricardo Boechat na última segunda-feira (11), inúmeras homenagens permearam as redes sociais. Uma delas envolveu a história de um criador de orquídeas que registrou uma de suas flores com o nome do jornalista. O caso, compartilhado no Twitter nesta terça (12), viralizou e comoveu os internautas.
Divulgação/Reprodução twitter
Ricardo Boechat é homenageado por criador de Orquídeas, e história comove as redes sociais
Colega de trabalho de Ricardo Boechat
em 2003, o jornalista
Rafael Pino trouxe à tona a história de como o seu pai, um grande admirador do âncora do “Jornal da Band”, deu a uma de suas orquídeas o nome de seu ídolo. Por meio do Twitter
, Rafael contou que seu pai trocou e-mails com Boechat, nos quais demonstrava a admiração que sentia pelo radialista.
“Meu pai, fã declarado do cara, é criador de orquídeas. Entrou em contato por conta própria para comentar sua admiração. Passaram a trocar e-mails, sem que nunca meu nome fosse revelado. Em dado momento, meu pai registrou uma orquídea que criou com seu nome, para a eternidade. Disse a ele. Recebeu em troca um lindo e-mail de agradecimento”, o usuário do Twitter declarou, e então falou sobre a resposta de Boechat.
Em resposta à homenagem do criador de orquídeas, Boechat lhe dirigiu um e-mail contando a história de um Dia dos Pais em que, uma vez tendo contado às filhas que tinha “virado nome de orquídea”, elas disseram a ele que aquela era a coisa mais importante que lhe acontecera.
“As pimpolhas não só duvidaram da história como só aceitaram a verdade depois que lhes mostrei o certificado que você me mandou e a farta correspondência que já trocamos. Finalmente, quando se convenceram de minha ‘consagração botânica’ ficaram orgulhosíssimas e concordaram com a observação da caçula: – Pai, essa é a coisa mais importante que já lhe aconteceu! Pois é, meu amigo: elas estão cobertas de razão! E a culpa é sua”, escreveu Boechat no e-mail enviado para o criador de orquídeas, na época.
Os usuários do Twitter ficaram comovidos com a história envolvendo a homenagem a Ricardo Boechat
. “Encontrei Boechat diversas vezes na minha vida, principalmente no campo profissional. Sempre um cara afável, com aquele sotaque carioca de almanaque, xingamentos incluídos. Espero que a família tenha todo o conforto necessário”, Rafael Pino finalizou a sua homenagem.
Quem tem dúvidas do vigor do cinema independente brasileiro precisa assistir “Lembro Mais dos Corvos”, um filme testamento de uma atriz maiúscula que sabe se fazer vulnerável, mas também se impor diante do olhar da audiência. A atriz em questão é Julia Katharine, mulher trans que abre o filme de Gustavo Vinagre lembrando da relação abusiva que teve com um tio avô quando tinha menos de dez anos de idade. “Ele foi o primeiro a me ver como menina”, relembra com afeto inconvicto.
É um relato difícil, que Julia observa estar “com dificuldades para entrar na história” mais de uma vez e um posicionamento corajoso de um filme que pretende desmistificar a mulher trans, mas que não deixa de objetifica-la para fazê-lo. Julia é uma mulher–objeto, mas não necessariamente por ser uma mulher trans, algo que fica claro para a audiência pelas escolhas de Vinagre e pela própria abertura de “ Lembro Mais dos Corvos
”, que evita que esse relato em particular defina sua personagem.
O filme se notabiliza por ser em 1ª pessoa, há intervenções pontuais da realização para recompor o raciocínio da personagem, e pelo espaço dado ao improviso. Essa linha afrouxada favorece uma dinâmica entre a ficção e o documental. A cinefilia de Julia é algo que chama a atenção. A própria admite que a descoberta do cinema a ajudou a lidar com a depressão.
“Quero ser diretora”, observa Julia em um dado momento, “e só vou fazer comédias românticas para compensar toda a minha carência afetiva”. Curiosamente, o curta “Tea for Two”, seu primeiro trabalho como diretora e que acompanha o filme em seu lançamento comercial, não é uma comédia romântica. Em outro momento, a atriz diz que até tentou, “mas que não conseguiria ser puta” pois se apaixona rápido demais”.
Julia Katharine
se expõe com coragem e desprendimento e sua capacidade de raciocínio e de se autoanalisar não só encantam o público como contribuem para que a experiência proposta pelo filme, e o debate intrínseco a ela, sejam mais avolumados e perenes.
“Lembro mais dos Corvos”
é um filme que recebe a tristeza e as frustrações com ternura, que olha para o sexo com genuíno esforço de compreensão e que encontra em uma mulher que “só quer fazer filmes para ganhar prêmios
” uma figura apaixonante.